Páginas

terça-feira, 13 de maio de 2014

13 de maio: Liberdade pra Inglês ver


Treze de Maio. Uma das muitas mentiras que você aprendeu nas suas aulinhas de Moral & Cívica na escola (se você for velho como eu, rá!). Na verdade, eu chamo de engodo. Não é uma mentira pura e simples, é uma ideologia, uma farsa, um embuste, um… bem, deu pra sacar, né? E vamos aos pontos principais do que penso a respeito desse assunto, meio que, irritante. Primeiramente, não houve uma benevolente princesa branca, que veio numa linda carruagem até a Praça XV e assinou, por puro humanismo, uma lei que iria acabar com os grilhões aos pés e mãos dos negros. Na verdade, está mais pra uma pressionada princesa que assinou quase que sem ler um papel que não só decretou oficialmente o fim da escravidão no Brasil (e onde não tivesse telégrafo, por exemplo, aposto que isso durou bem mais), como iniciou sua própria derrubada. Já discorro a respeito nas próximas linhas.


Não foi só um motivo que levou o Brasil a inventar aquela ideia festiva e – literalmente – pra inglês ver. Primeiro de tudo, o fato econômico foi a força motriz, dada a pressão da Inglaterra ávida por mercado para sua franca ascensão industrial, o que culminou com o Brasil acatando o fim da escravidão após a proibição do tráfico negreiro da África pra cá. O que acontece quando você pode ter um carro, mas não pode comprar peças novas? Melhor largar num ferro velho, não? Foi isso, com essa minha didática sarcástica e direta. Comparei a um objeto que o homem vivia muito bem sem, mas a partir do momento que passou a depender dele, ficou difícil viver sem de novo. Escravaria estava ali e não iria a lugar algum. Mesmo a família imperial se gabando de ser contra a abolição, nada se fez para combater essa prática ridícula e cruel. Ou melhor, houve combate sim. Fique para o próximo parágrafo.


O que as aulas não contam é que o movimento abolicionista foi grande e com representantes em todas as camadas da sociedade. O Brasil tinha muitos representantes humanitários e decentes. Personalidades como Luís Gama, Antônio Bento, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Silva Jardim e Rui Barbosa (representantes da Maçonaria), David Canabarro, Bento Gonçalves, Plínio de Lima, Castro Alves, Aristides Spínola, Regueira Costa, dentre outros. Muitos dos movimentos de fuga ou revolta eram acobertados por eles, enquanto lutavam por leis que viessem a acelerar esse processo propositalmente lento e ambíguo. Leis como a do Sexagenário, Ventre Livre e Eusébio de Queiroz não eram aplicadas na prática, ou eram aplicadas cheias de regalias para que os “pobres” senhores de engenho não sentissem sua economia sendo abalada de forma tão drástica. Viu como o humanitarismo estava lá? Pessoas exploradas e humilhadas nos níveis mais variados e o barão não podia ficar com a xicarazinha vazia.


Não se detalha nos livros que os escravos que não simplesmente fugiam, queimavam casas, casarões, etc, saqueavam, roubavam armas. Não, você não sabe disso, você só sabe que Zumbi tinha escravos e a Princesa Isabel é que foi a boazinha que libertou por favor aquele coitadinho daquele povo. Distante, né? Assista ao vídeo no final deste texto e perceba que isso não está tão distante, não eram pessoas fantasiadas e que foram soltas para o próximo por-do-sol. Eram gente que virava – e ainda vira – piada na boca suja de qualquer imbecil que se isenta porque “tem amigos negros” e se sente no direito de ser racista, o que não faz sentido, se fosse verdade. Depois de ficar com o rabo entre as pernas, medo de ser envenenado ou decapitado durante uma noite de luxúria com suas esposas, foi um consenso velado e contrariado que aceitou a abolição, mas logo depois, veio o golpe republicano e a família imperial se mandou exilada para a gringolândia. Onde dança um, dançam dois. Assista:


Nenhum comentário:

Postar um comentário