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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Adolescente atacado por grupo de ‘justiceiros’ é preso a um poste por uma trava no Rio de Janeiro


Por João Pedro,
Dia primeiro de fevereiro, véspera do dia de Iemanjá. Na noite seguinte, a região da Pedra do Sal, onde, não muito mais que um século atrás, havia um mercado de escravos e troncos para punição, seria tomada pela alegria fraterna de uma roda de samba tradicional. Mas antes disso, a poucos quilômetros dali, no bairro do Flamengo, os antigos horrores da Pedra da Prainha seriam revividos. Puseram um negro nu preso pelo pescoço com uma trava de metal num pelourinho improvisado. Segundo o comentário satisfeito de quem publicou a foto (sem qualquer tarja no rosto, perpetuando a humilhação pública), ele estava assaltando pessoas. Pra servir de exemplo aos pretos ladrões. Ao que tudo indica, obra de um grupo local organizado com esse intuito. Recentemente, um caso semelhante aconteceu numa praia na Zona Sul.

Se esse jovem não estava na Pedra do Sal de hoje ouvindo a alta poesia da música negra, tomando cerveja e conversando com seus amigos sobre seu trabalho de mestrado não é porque tenha um delírio malévolo de assaltar pessoas, fruto de uma natureza mais maligna ou menos humana que qualquer pessoa, mas porque não existe espaço objetivo pra dignidade e felicidade de todos no projeto capitalista, racista e violento de país que dirige o Brasil. Sem entender isso, não se entende nada e, facilmente, até mesmo sem perceber, se cai no colo dos fascistas.

É preciso saber que, oficial e oficialescamente, o Estado, seu judiciário e sua polícia fazem isso e pior todos os dias. Mas a resistência cotidiana, as lutas cotidianas e valores elevados presentes na consciência das massas exercem contrapressão. No entanto, a prova real do caráter humanamente falido do Estado burguês e de sua justiça degenerada é que na medida em que um setor cada vez mais amplo de civis se radicalizarem à direita e aderirem a seus valores e métodos, estaremos mais e mais próximos da barbárie do fascismo, sem subterfúgios. Não existe vacina política histórica, nada está garantido e nada está assegurado; a humanidade se reinventa todos os dias.

Repúdio absoluto e urgência de responder isso à altura. Não pode deixar naturalizar de jeito nenhum. Peço a todos que façam chegar a todas as organizações políticas, mandatos, movimentos e entidades democráticas de que tenham conhecimento.

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