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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Quando me ensinaram a odiar…


21 de janeiro: Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

Dia desses, nada de especial acontecia, então me vi às voltas com meu próprio pensamento. Comecei a refletir sobre o mais puro amor. As imagens surgiam na minha mente e se misturavam entre o Criador, Jesus, a natureza, os sacramentos do catolicismo e, até mesmo, hinos evangélicos. Lembrei-me de muitas religiões e tudo o que aprendemos sobre as tentativas de alcançar o amor. Mas, em nenhum momento, havia uma referência sequer às religiões afro-brasileiras. Nem poderia. Em nome do amor, tinha aprendido a segregar, a dividir e, por que não, a odiar. Fiquei perplexa!

Recentemente tive a oportunidade de assinar a contracapa do livro que conta a história do Ilê Axé Opô Afonjá no Rio de Janeiro. A casa de Candomblé tem uma linda história de sobrevivência, tradição e ajuda. De linha matriarcal (importante para o protagonismo das mulheres na religião), o Ilê Axé Opô Afonjá foi fundado por Mãe Aninha em 1885, na Pedra do Sal. É o mais antigo terreiro de Candomblé do Rio de Janeiro. No entanto, lutam pelo reconhecimento público. “O tombamento ajuda no combate à intolerância por ser uma resposta do poder público, uma medida protetora aos templos religiosos que resistiram à perseguição e fizeram história. Com o tombamento, proteger seria uma ‘obrigação do Estado”, defende o historiador Ed Machado, autor do livro “Ilé Ase Òpó Àfònjá – da Pedra do Sal até Coelho da Rocha”.


A intolerância religiosa tem aumentado no mundo e é responsável pela maior parte dos conflitos no planeta. Por aqui, no Brasil, a perseguição às religiões de matriz africana se intensificou também nas redes sociais. Nossa legislação diz que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”, mas como lutar contra o sentimento de desamor que é disseminado pelas religiões cristãs? Como lidar com a demonização do diferente?

Em conjunto com a lei, tem funcionado o diálogo inter-religioso. Participei de alguns encontros ecumênicos e, percebi, o quanto podemos avançar com a iniciativa. Lindo é ver o amor brotando pelo respeito ao diferente. Ensinamento básico, mas dificilmente apreendido. É tempo de gritar contra a intolerância religiosa! Quanto a mim, vou me desconstruindo. Às vezes temos que “quase morrer” pra nascer melhor.

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Escrito por Luciana Barreto


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